“Toda mulher é diva e todo homem é divagar (sic).” A frase, proferida pela atriz e comediante Dani Calabresa no novo comercial da marca de produtos de limpeza Bombril, tem provocado a indignação masculina. A propaganda também tem a participação da cantora Ivete Sangalo e da apresentadora Monica Iozzi, e vem sendo veiculada na internet e na tevê desde o início do mês.
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu um processo de investigação contra a marca após consumidores reclamarem que a propaganda “debocha da figura masculina” e faz “discriminação de gênero”. Até quarta-feira (12), o órgão recebeu 15 denúncias sobre o assunto, de acordo com o Extra.
A Bombril declarou, em nota à imprensa, que a campanha foi “desenvolvida para valorizar o protagonismo feminino”. E que o vídeo “usa uma linguagem bem humorada para ressaltar o valor da mulher na sociedade brasileira e não tem a intenção de ofender os homens ao fazer uma brincadeira com a palavra ‘diva’”.
No YouTube, a reação nos comentários foi majoritariamente negativa. “Campanha dos homens que moram sozinho (sic) e ajudam no supermercado, não comprem mas (sic) a marca bombril, pois somos inferiores as (sic) mulheres em tudo, até lavar um prato com esse produto”, disse o internauta Carlos José.
Já o usuário Luiz Henrique Gomes abordou a polêmica de outra perspectiva. “A mulher vem sendo objetificada em praticamente toda propaganda de cerveja e nenhuma denúncia é feita. Homem se sentindo ofendido e alegando descriminação (sic) de gênero chega a ser até engraçado.”
Análise
Na propaganda, Ivete Sangalo diz que “a gente [mulheres] arrasa no trabalho, faz sucesso o dia todo e ainda deixa a casa brilhando”. A publicitária Thaís Fabris acha positivo que os homens tenham se manifestado contra a peça, que considera, na realidade, machista.
“É problemática para as mulheres, na real, porque ela [a propaganda] reforça o estereótipo de que a mulher é a única responsável pelo cuidado doméstico, e de que o homem não leva jeito para o cuidado da casa. Isso não é real, é perigoso para as mulheres e para a sociedade como um todo, pois afasta os homens do ambiente doméstico, um lugar que eles precisam ocupar, e prende a mulher em casa”, diz ela, que é sócia e fundadora da 65/10 (meia cinco dez), empresa de ativismo criativo que visa melhorar a representação da mulher napublicidade.
Thaís explica que abrir uma apuração contra o comercial não é um posicionamento específico do Conar, pois o órgão é obrigado a investigar depois de receber determinado número de denúncias. A publicitária acredita que não é possível haver “discriminação de gênero contra homens” na sociedade atual.
“É difícil falar de discriminação contra os homens, historicamente eles são o opressor e não o oprimido. Vivemos em uma sociedade patriarcal em que os homens são o gênero dominante há muitos anos. Por isso, falar em opressão do homem é complicado, não rola, você não tem toda uma sociedade reforçando estereótipos e fazendo isso ser perigoso para homens, como é o caso das mulheres, que são mortas pelo machismo.”