Este fato ocorreu em 3 de agosto de 2017, lembre-se do caso:
Um advogado de Florianópolis acusou um desembargador do TJ (Tribunal de Justiça) de Santa Catarina de pedir R$ 700 mil de propina para julgar favoravelmente a causa que defendia.
A acusação foi feita durante o julgamento da ação, na 1ª Câmara de Direito Civil do TJ. O desembargador era o relator do caso.
“O julgamento que está acontecendo aqui é comprado. Eu estou fazendo uma acusação”, disse o advogado Felisberto Odilon Córdova contra o desembargador Eduardo Gallo.
“Isso aqui não é a Câmara dos Deputados. Isso aqui é um Tribunal de Justiça, e é preciso que a moralidade surja e venha a termo”, acrescentou Córdova, irritado.
A fala dele foi filmada com celular e circulou pelas redes sociais.
Após as acusações, a sessão do TJ foi suspensa pelo desembargador Raulino Brunning, presidente da 1ª Câmara.
‘SAFADO’
O advogado disse que o pedido de propina foi feito “por um intermediário” do desembargador a seu sócio no escritório de advocacia.
O advogado afirmou ainda que o desembargador tinha proposta de R$ 500 mil para votar contra a ação que defendia e que pediu os R$ 700 mil como “contraproposta”.
Córdova não disse de quem seria a suposta primeira proposta. Também não deu detalhes da ação que defendia. Segundo funcionários do TJ ouvidos pela reportagem, trata-se de uma causa de R$ 35 milhões.
O defensor declarou que “tem provas testemunhais” contra o desembargador, a quem chamou de “safado”, “vagabundo” e “descarado”. “A sua atuação [do desembargador] é mercadológica. É fácil apurar isso”, disse o advogado, que tem 53 anos de atuação no mercado.
INVESTIGAÇÃO
O TJ informou, via assessoria, que o caso será “analisado”.
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Santa Catarina, Paulo Brincas, disse nesta sexta-feira que já formou uma comissão para investigar a acusação.
“O Dr. Felisberto é um colega muito respeitado pela classe [dos advogados]. Tem muita credibilidade. A acusação feita por ele é severa e forte. É uma acusação de gravidade total. Precisa ser investigada”, disse Brincas.
OUTRO LADO
O desembargador Eduardo Gallo nega as acusações feitas pelo advogado Felisberto Córdova.
O desembargador considera que sofreu, entre outros, ataque contra a honra e contra sua condição de servidor público.
Na sessão, ele disse que não admitia que um advogado lhe chamasse de “vagabundo”. Ele pediu a prisão de Córdova, o que não ocorreu.
O desembargador disse que tem 25 anos de magistratura e que “nunca passou por isso na vida”.
Por: Dr. Marco André Clementino Xavier
Advogado em SP