PDG estuda o caminho para a Recuperação Judicial. E quem não recebeu a casa?

Empresa foi construída a partir da incorporação de diversas empresas imobiliárias; companhia está sem caixa, endividada e informou nesta quarta-feira que deverá pedir recuperação judicial

Construída a partir de uma série de aquisições do setor imobiliário, a PDG já foi a maior incorporadora do país. No seu auge, em 2010, a empresa chegou a valer R$ 12,5 bilhões e a lançar R$ 7 bilhões. Hoje, seu valor de mercado é de R$ 158 milhões, segundo dados da Economatica, e a empresa não lançou nada em 2016. Afogada em dívidas e com pouco dinheiro em caixa, a PDG comunicou nesta quarta-feira (22) que deverá pedir recuperação judicial.
Hoje a empresa tem 30 projetos em andamento, segundo informações do terceiro trimestre divulgadas ao mercado financeiro. A companhia tem 1.800 reclamações registradas nos últimos 12 meses no site Reclame Aqui, a maioria delas referente a atraso de obras ou falta de pagamentos dos distratos.

A empresa nasceu como o braço de investimentos imobiliários do antigo Pactual, em 2003, e se tornou uma empresa independente no ano seguinte. A companhia fez uma sequência de aquisições para se tornar uma gigante do setor – comprou Agra, Klabin Segall, Goldfarb e Abyara. A partir de 2010 a PDG se tornou a líder do setor imobiliário brasileiro.

Parte dessas aquisições foram financiadas por dinheiro de investidores, obtido com o processo de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), em janeiro de 2007. Na época, a companhia levantou R$ 648 milhões na bolsa brasileira.

Nos anos seguintes, a empresa entrou na corrida por crescimento no mercado imobiliário. No fim de 2010, a empresa informava que tinha um banco de terrenos com potencial de lançamento de R$ 29,6 bilhões em 574 projetos.

A companhia passou a dar sinais de que enfrentaria uma grave crise a partir de 2012. Com o esfriamento do mercado imobiliário, a empresa se viu com um banco de terrenos expressivo, uma dívida alta e vendas fracas.

Assim como outras empresas no setor imobiliário, a PDG teve de fazer revisões orçamentárias de diversos projetos, que, na prática, custaram mais do que o orçado e levaram a empresa a registrar prejuízos.

 Erros de gestão

Para além do cenário macroeconômico, as dificuldades financeiras da PDG começaram por problemas de gestão. Os executivos que a comandavam não tinham experiência no setor de incorporação, mas sim no mercado financeiro. Além disso, companhias compradas para fazê-la crescer, como a Goldfarb e a Agre, tinham fracas estruturas de engenharia e venda e acabaram custando caro demais, diz uma fonte do setor.

Outra prática que complicou as finanças foi a fantasia de lucros na época do lançamento em bolsa, disse ao G1 uma fonte próxima à gestão da empresa na época. Ao declarar o custo de obras abaixo do orçamento real, a construtora parecia lucrar com projetos que na prática eram deficitários. A companhia teve de ajustar os balanços seguintes e ficou no prejuízo.

 

Tentativa de reestruturação

A PDG vem tentando se reerguer desde 2012. O fundo de investimentos Vinci Partners fez um aporte de capital na empresa e assumiu sua gestão.

No ano passado, a empresa chegou a suspender parte das obras para tentar preservar seu caixa.

Em maio deste ano, a PDG firmou um acordo de reestruturação de R$ 3,7 bilhões em dívidas com seus maiores bancos credores, jogando os vencimentos para o futuro. O acordo não resolveu os problemas de liquidez da empresa, que precisará, mesmo assim, recorrer a recuperação judicial, segundo fato relevante desta quarta-feira.

“O acordo não alcançou o efeito originalmente esperado e o Grupo PDG continuou a enfrentar sérias dificuldades na gestão e continuidade dos seus empreendimentos imobiliários”, disse o comunicado.

A empresa apontou, entre outros fatores, que sofreu um aumento dos distratos de unidades já vendidas, queda nas vendas e interrupção de obras. Diversos clientes desistiram de compra de imóvel e tentam recuperar parte do dinheiro pago à empresa, o que gera uma pressão adicional de caixa à companhia.

A PDG também citou o grande volume de ações judiciais como um dos motivos para o pedido de recuperação judicial.

Se o pedido for aprovado, a lei brasileira permite que a empresa em recuperação suspenda seus pagamentos por um período de 180 dias, o que lhe daria um fôlego financeiro.

Fonte: G1

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